Da Silva, Rogério Jorge Ferreira¹
Clínica Ser Saúde Mental – contato@sersaudemental.com.br²
Resumo
Em nosso relato de experiência, descreveremos a utilização da musicoterapia receptiva e vibroacústica, tendo como recurso a Mesa Lira (ML), que é um instrumento musical de fabricação artesanal, de uso exclusivo terapêutico. A ML é uma grande caixa de ressonância de madeira 190 x 65 cm (lembra uma máca de hospital), onde o paciente deita, e sob ela, temos 44 cordas (já existem com 72 cordas) afinadas no mesmo tom. Quando as cordas do instrumento musical são dedilhadas pelo terapeuta, o paciente deitado sobre a ML, recebe toda a vibração sonora em seu corpo, levando-o a um estado de relaxamento profundo. Em nossa experiência, relataremos o uso da ML no combate aos sinais e sintomas da abstinência em dependentes químicos, no período de desintoxicação, internados na Clínica SER SAÚDE MENTAL. Descreveremos seus relatos, entre eles: sensações de leveza; calmaria; diminuição da ansiedade; elevação da autoestima e melhoria na qualidade do sono, além, é claro, sensação de inibição do stress da internação. Por não se tratar de pesquisa de campo, e sim, de um relato de experiencia, estamos na fase de elaboração do referencial teórico com objetivos de continuar pesquisas científicas relacionadas a ML e dependência química.
Palavras-chaves: Musicoterapia; Dependência Química; Mesa Lira; Vibroacústica
A dependência química, independentemente do nível de consumo, é considerada como transtorno psiquiátrico, com alto índice do risco para uso abusivo de drogas (RIBEIRO, 2012). A abstinência é acompanhada de muitos sintomas e ao fenômeno “craving”, conhecido popularmente como ‘fissura’, conceituado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como o “desejo de repetir a experiência dos efeitos de uma dada substância” (CASTRO et al; 2008).
As intervenções são realizadas na Clínica Ser Saúde Mental por um profissional musicoterapeuta, especialista em musicoterapia vibroacústica. As sessões com a ML têm uma periodicidade em dias alternados, com duração de 20 a 30 minutos, 3x por semana. Temos também uma entrevista antes e outra após o termino da sessão. Por questões éticas não mensuramos dados, por não se tratar de uma pesquisa com seres humanos. Apenas nos baseamos nos feed backs dos pacientes. O processo de aplicação da musicoterapia vibroacústica aqui descrito, envolve a utilização de ondas sonoras de baixa frequência (73 Hertz ), segundo as referências e critérios de Skille e Wigram (1995, 2007).
Nosso objetivo é uma aproximação com o “som” da Mesa Lira. A musicoterapia é centrada no som. A maior parte senão todo o processo é centrado na produção e recepção de sons musicais e/ou vibrações. Ela é essencialmente uma experiência sonora, seja ela auditiva ou tátil por natureza.
Os sons em musicoterapia têm um detalhamento específico, acompanhado de sensações físicas e anímicas. O caráter pode ser colorido ou pardo, brilhante ou escuro, monocromático ou multicolorido, pálido ou intenso, feio ou bonito. (BRUSCIA, 1999 p.291-292). Toda a calmaria e serenidade relatada ao fim da sessão com a ML, vem influenciar diretamente no nível da “fissura”, inibindo de forma satisfatória essa sensação, segundo depoimentos dos pacientes.
Em musicoterapia, a ML precisa ser pensada a partir da definição de musicoterapia vibroacústica articulando conceitos de: ML no campo, conceito de saúde e ML em musicoterapia, conceito de música(som) em musicoterapia e a ML, conceito de técnicas em musicoterapia e a ML, e a relação Musicoterapeuta-ML-Atendido.
A Clínica Ser Saúde Mental com esta iniciativa, reafirma sua responsabilidade social de continuar sendo referência na excelência do seu atendimento, priorizando a qualidade de vida dos seus clientes durante sua reabilitação e tratamento, sendo pioneira desta técnica em Brasília e Distrito Federal.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUSCIA, K. E. Definindo Musicoterapia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2016.
________________ Musical Origins: Developmental Foundations for Theory. Testo retirado do Info CD Rom II – Concebido e Editado por David Aldridgc. Universit Witten Herdecke, 1999.
CASTRO, M. G. T.; ARAÚJO, R. B.; Oliveira, M. S.; PEDROSO, R. S.; MIGUEL, A. C.Craving and chemical dependence: concept, evoluation and treatment. 2008.
DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 2014.
RIBEIRO, L. A., NAPPO, S. A., & SANCHEZ, Z. V. D. M. Aspectos socioculturais do consumo de crack. In M. Ribeiro & R. Laranjeira (Orgs.). O tratamento do usuário de crack (2a ed., pp. 50-56). Porto Alegre: Artmed. 2012.
SKILLE, O. and WINGRAM, T. The effects of music, vocalisation and vibration on brain and muscle tissue: studies invibroacoustic therapy. In T. Wigram, B. Saperstonand R. West (eds) The art and science of musictherapy: A handbook. UK: Harwood Academic . 1995
TOLEDO TEIXEIRA, Andressa Musicoterapia receptiva com a mesa lira no período de desintoxicação em dependentes químicos: estudo randomizado controlado [manuscrito] / Andressa Toledo Teixeira, Orientadora Tereza Raquel Alcântara-Silva. – CI, 101 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Tereza Raquel Alcântara-Silva; co-orientador Dr. Eduardo José Tavares Lopes. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Música e Artes Cênicas (Emac), Programa de Pós-Graduação em Música, Goiânia, 2019
WINGRAM, T., Grocke, D Receptive Methods in Music Therapy: Techniquesand Clinical Applicatins for Music Therapy Clinicians, Educators and Students. UK:Jessica Kingsley Publishers . 2007
NOTA DE RODAPÉ
1-Musicoterapeuta Vibroacústico na Clínica Ser Saúde Mental. Pesquisador voluntário júnior tipo 1 no Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares, por meio do Núcleo de Estudos em Ciência, Arte, Filosofia e Espiritualidade (CAFE/CEAM/UnB), vinculado ao projeto “Música e suas interfaces, na Universidade de Brasília -UnB.
2-Clínica Especializada em Saúde Mental, há 20 anos atende o público de transtornos mentais e dependentes químicos em Brasília, DF. Pioneira na técnica de Mesa Lira no combate aos sinais e sintomas de abstinência.