Se você não conhece alguém com dependência em álcool, com certeza já ouviu falar, já viu em algum filme ou novela uma pessoa assim. Continue lendo, pois vamos explicar sobre essa dependência, também chamada de Síndrome da Dependência Alcoólica (SDA).
Como o álcool não é uma substância ilegal e muito utilizada para diversas finalidades, primeiro vamos explicar como surgiu o conceito da dependência dessa substância.
O álcool tem sido uma substância presente na história da humanidade, desempenhando diversos papéis em diferentes culturas. Ele é usado em rituais religiosos e é associado a momentos de celebração e confraternização.
No entanto, ao longo do tempo, o álcool revelou sua face negativa, estimulando agressividade, discórdia e causando problemas nas relações familiares, de amizade e de trabalho.
O conceito de alcoolismo surgiu no século XVIII, com a crescente produção e comercialização do álcool destilado durante a revolução industrial.
A partir desse período, os estudos sobre o tema avançaram, diferenciando os transtornos relacionados ao uso de álcool em dependência e uso nocivo. A dependência é muito caracterizada por sintomas como tolerância e abstinência.
Já o uso nocivo envolve problemas decorrentes do consumo de álcool, como a embriagues e tudo que ela pode causar, mas sem dependência.
A Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) é um transtorno que se desenvolve ao longo da vida e é influenciado por fatores biológicos e culturais.
Ela se manifesta por meio de sintomas como estreitamento do repertório de consumo, busca compulsiva por álcool, aumento da tolerância, sintomas de abstinência, alívio dos sintomas pela ingestão de álcool, percepção subjetiva da necessidade de beber e intensificação da dependência após a abstinência.
A dependência de álcool é influenciada por diversos fatores, como genética, psicologia, ambiente e sociedade. Não há uma única causa para essa doença.
O álcool afeta as substâncias químicas do cérebro, provocando sensações de prazer, alterações na capacidade de julgamento e controle do corpo. Com o tempo, a pessoa se habitua a buscar essas sensações agradáveis ou a usar o álcool para lidar com emoções negativas.
Existem fatores de risco associados ao desenvolvimento da dependência de álcool, como:
É importante estar atento aos comportamentos e não apenas às palavras da pessoa, pois é comum que aqueles que sofrem de dependência tenham dificuldade em reconhecer o problema, especialmente no início. Siga lendo, pois vamos citar alguns sinais de alerta.
A dependência de álcool é caracterizada pela falta de controle sobre o consumo. Isso significa que a pessoa não consegue evitar beber quando exposta à substância, tem dificuldade em parar de beber depois de começar e consome quantidades excessivas.
Mesmo que tenham sido feitas tentativas de parar, elas geralmente não têm sucesso. É comum que as pessoas com dependência minimizem ou neguem seu problema, tornando difícil reconhecê-lo, especialmente nas fases iniciais.
A dependência de álcool pode causar danos nas relações familiares, sociais e profissionais. Se a pessoa começar a faltar a compromissos familiares, encontros com amigos ou ao trabalho devido ao consumo de álcool com regularidade, é um sinal de alerta.
Quando o consumo de álcool passa a ser priorizado em detrimento de outras atividades sociais e hobbies que costumavam trazer prazer, isso indica uma possível dependência.
Na dependência, o consumo de álcool se torna o aspecto central da vida da pessoa, levando ao descuido de outras responsabilidades.
A interrupção do consumo de álcool pode levar a sintomas de abstinência graves, que podem até ser perigosos. Esses sintomas podem se manifestar como tremores, fraqueza, dor de cabeça, sudorese e aumento dos reflexos.
Além disso, a interrupção abrupta do consumo excessivo e prolongado de álcool pode levar à alucinose alcoólica, caracterizada por alucinações visuais, e ao delirium tremens, um estado grave de confusão, ansiedade, alucinações e tremores.
A presença desses sintomas de abstinência, juntamente com o desejo intenso e persistente pelo consumo de álcool, são sinais de um consumo excessivo e prolongado, indicando possível dependência.
A dependência de álcool acarreta diversos riscos e consequências negativas, tanto sociais, psicológicas quanto físicas. Se, mesmo diante dessas consequências negativas, a pessoa continua consumindo álcool em excesso, isso pode indicar a incapacidade de controlar seus padrões de consumo e, portanto, sugere um padrão aditivo.
A minimização ou negação das consequências do consumo de álcool pode ser um sinal de dependência.
O consumo excessivo de álcool pode ter consequências negativas para a saúde, contribuindo para doenças físicas e problemas psicológicos. Pode levar a morte prematura e aumentar o risco de várias condições, como câncer, doenças cardíacas, acidentes e suicídios, diminuindo a expectativa de vida.
Apesar de ser uma doença crônica, o vício em álcool pode ser superado com o tratamento adequado, que pode levar tempo. Quanto mais cedo for diagnosticado e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico.
O tratamento para o vício em álcool requer uma abordagem terapêutica abrangente e personalizada, envolvendo profissionais de diferentes áreas, como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Essa colaboração entre especialistas é um dos fatores que contribuem para um bom prognóstico.
Outros fatores que influenciam o sucesso do tratamento incluem a motivação da pessoa, o envolvimento da família e do ambiente social, e a reintegração social, profissional e comunitária.
É fundamental envolver os membros da família próxima durante todo o tratamento, pois eles são uma fonte importante de apoio para a recuperação.
Um aspecto crucial para o sucesso do tratamento é a completa abstinência do álcool. Isso é necessário para que a pessoa em recuperação consiga levar uma vida saudável.
A modalidade de tratamento depende do estágio do vício e dos recursos disponíveis. Pode ser feito através de consultas ambulatoriais por um período limitado ou prolongado, ou pode exigir internação, como em uma comunidade terapêutica. No entanto, é difícil iniciar um tratamento ambulatorial exclusivo para o vício em álcool devido ao contexto sociocultural e ao estágio avançado da doença no momento da intervenção. Além disso, no início, é necessário controlar os sintomas de abstinência, o que requer intervenção medicamentosa adequada e monitoramento cuidadoso.
Em termos de abordagem psicoterapêutica, a terapia em grupo é altamente recomendada.
Através do compartilhamento de experiências e identificação com outros membros do grupo, é possível desenvolver autoconsciência em relação ao vício e aos processos internos relacionados, mobilizando recursos para promover a mudança.
A psicoterapia também deve ter um componente educativo, fornecendo recursos para reconstruir a vida, restabelecer conexões sociais, adotar um novo estilo de vida sem o álcool e aprender estratégias de prevenção de recaídas.
Os grupos de apoio e terapia em grupo devem ser mantidos mesmo após o término do tratamento, para ajudar a manter a abstinência e a motivação para a recuperação, como nos grupos de Alcoólicos Anônimos.
Os primeiros meses de abstinência são cruciais, pois cerca de 50% das pessoas com dependência de álcool sofrem recaídas nos primeiros 6 meses. Por outro lado, aqueles que conseguem manter a abstinência por 1 ano têm maiores chances de mantê-la a longo prazo.
Para retomar uma vida saudável e feliz, a recuperação requer esforço diário, com consciência constante das situações que representam risco de recaída e gerenciamento das emoções.
Agora que você se informou sobre o que é a Síndrome da Dependência Alcoólica, compartilhe esse conteúdo para que mais pessoas se informem e possam buscar ajuda para si ou para conhecidos.
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Fontes: